
Tive tanto medo de não conseguir dizer que o conseguiria esquecer, que fui eliminando partes dele aos poucos e poucos, sem dar c

Já não me aquece o coração quando fala comigo, antes era bem diferente; ficava mal, mesmo muito mal quando não me falava, era capaz de ficar a chorar horas a fio e testar os meus limites. Nessas semanas intermináveis que se transformaram em 5 meses, 5 longos meses, demasiados dias, horas, minutos de ausência possíveis de suportar, tentava de tudo para que pudesse mudar de dor, chegando a querer passar para uma mais intensa, a física (mas agora digo graças a Deus por não ter tido coragem para o fazer). Talvez tivesse alguém que rezasse por mim, para que não cometesse irresponsabilidades ou loucuras, alguém que provavelmente não me conhecesse mas que protegia por vezes de mim mesma como foi o caso.
Já me é indiferente a voz dele, não tremo, não vibro mais, não tenho qualquer outro sinal como antes acontecia, sempre que sem querer, ouvia a sua voz (mas ao mesmo tempo, pela qual que tanto desesperava por ouvir).
Tive muito medo de não deixar de escrever o seu nome, as suas iniciais no mais extenso areal da praia, e de querer ainda alcançar a lua para deixar lá a pegada do nosso "eterno amor" que agora sei que posso e consigo dizer que isso já não acontece; os grãos de areia que antes tinham sido cavados com um certo transtorno, tomam agora uma forma uniforme, totalmente sem rasto ou um único vestígio daquilo que se construiu num ano e meio, apenas a agradável sensação do impacte positivo que teve na minha vida, e na minha imunidade a certas coisas que antes me poderiam afectar.
Agora sei que posso dizer que graças a ti o consegui esquecer, agora digo, a espera também cansa...
Nota: Este é último capítulo da saga de "A espera também cansa".