quarta-feira, 29 de junho de 2011

15 # Carta para a pessoa da qual tens mais saudades

Sao quatro da manha ja largamente ultrapassadas, quase quase a bater nas cinco, esta um calor altamente infernal, eu ja deitada, bem que tento adormecer mas o mesmo se sucede vezes e vezes sem conta, dou voltas e mais voltas na cama e ainda assim nao consigo pegar no sono. Pronto. Esta claramente comprovado, esta e a minha primeira insonia de verao.
Nao consigo descançar a minha cabeça, a minha mente e muito menos o meu corpo, nao me consigo abstrair o suficiente para adormecer, nao tenho forças para me manter de pe, a voz começa a ficar mais escassa e rouca e nao me consigo controlar, controlar as minhas proprias saudades, algo no qual sempre fui perita em fazer por ter que lidar com ela desde tao tenra idade...
Para atenuar este sentimento que para mim mesma significa que algo que ja esteve tao perto nos faz falta, todas as noites, relembro a nossa historia de amor ao deitar, assim como os pais contam historias tradicionais aos filhos antes de dormir, daquelas que passam de geraçao em geraçao com o passar dos tempos, mas que nunca se esquecem e eu nao a esqueci. Todas as noites escolho a nossa historia, nao por ser a mais bonita (pois para isso teria que ter um final feliz, e isso implicaria o fim de algo), mas sim por ser a mais envolvente e fiel a vida real e vou retartar-vos essa mesma historia.
Nela, dois casmurros incuraveis que nao sabem viver longe um do outro, sao-no de tal maneira que nao teem a coragem de admitir isso que todos os olhos veem e que todas as bocas falam, dizendo que esta a vista de todos. E inacreditavel a força e determinaçao dela mas a capacidade que ele tem que, com simples (ou nao tanto quanto isso) gestos, confundi-la, faz com que sempre que se tentem expressar comecem a discutir mesmo contra a sua vontade.
Ele suplica que se encontrem para resolver as coisas, e para que tudo isso acabe, mas ela do outro lado a chorar num terrivel pranto, fa-lo pensar que nao se importa, qua nao se debruça sobre a sua relaçao e que nao gasta tempo a pensar neles e muito menos nele em questao. Ela fica estupefacta de como lhe e tao facil acreditar em todas aquelas 'mentiras', e-lhe tao simples creer que ela ja nao quer mais saber dele que ja o esquecera ou que queira faze-lo o mais rapido possivel, que e preferivel que assim seja, que ele nao saiba como ela anda, onde esta ou com quem fala.
Ele sim parece nao se importar, age como se nada fosse, como se nada se tivesse passado, como se nao se importasse com a situaçao que estao a viver, como que ela nao existisse ate a sua chegada, mas ele nao descansa com a sua ausencia, pergunta por ela e faz com que nada lhe chegue aos ouvidos mas ela sabe sempre de tudo, talvez desta vez nao tenha sido tao discreto como o habitual, talvez tenha sido uma vez diferente, mas os talvez nao me servem de alimento ao contrario das certezas. Por algum motivo me prendes de certa forma a ti, sem me deixar completamente, diz-me um porque, responde-me se fores capaz, se essa tua 'coragem' nao te faltar, mais uma vez.
Tento nao pensar sobre a situaçao na qual estou metida, olho para todos os lados e em todas as direcçoes em busca de respostas concretas, aquelas que nao me consegues dar, tento encontrar o rumo da minha vida, mas sozinha.
Sao agora seis e meia da manha, o sol ja nasceu e por entre as portadas da janela do meu quarto, entram os primeiros raios de sol do dia, ja gente se levantou da cama para trabalhar e eu, lho para o telemovel, mais uma vez, na esperança de ver um sinal teu e nada, mais uma vez.
"A saudade aperta, e não dá para ignorar é como uma frida que não pára de sangrar". Eu vou ter saudades tuas, mas tu nao vais saber.