sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Capítulo XI de "A espera também cansa"


Está frio, está muito frio até. Ultimamente tem-se mantido assim, dizem que é uma massa de ar frio que vem de um dos pólos, mas será possível que nenhuma peça de roupa me aqueça a 100%?
Já dei voltas e mais voltas ao meu armário e já experimentei todas as peças de roupa que me costumavam aquecer e nada resulta. Já encontrei também coisas das quais andava há procura já há anos e que nunca tivera encontrado até então, estando perdidas no mítico guarda roupa de uma adolescente.
Tinha acabado de tomar banho e estava pronta a preparar-me para uma noite de momentos memoráveis, bons de recordar, porém o grande dilema pelo qual todas passamos quando estamos apaixonadas "O que vou vestir? Não tenho roupa de jeito! "
Olhei para o puff e uma camisola larga de lã cinzenta, sobressaia-se no meio das outras tantas amontoadas. Não pensei duas vezes, vestia-a sem hesitar e por incrível que me parecesse, foi a única que me aqueceu.Trazia o cheiro que senti naquele dia quando estive tão próxima de ti. Algumas memórias já me vão faltando dele, mas lembro-me perfeitamente do essencial,mesmo com o tempo que passar, com as pessoas que vierem, com as coisas que dissermos um ao outro ou até mesmo quando te afastares de mim (se é se o fizeres) e não te falar mais, é algo que não me podem tirar; essa imagem que eu tenho gravada na minha mente, acompanha-me dia e noite e é uma das mais belas que possuo. Sempre que a recordo, tento sempre reparar em todos os pormenores mas parece que se multiplicam, são tantos, todos tão importantes, que tornam essa cena da minha vida indescritível.
As minhas miúdas tiveram que esperar até eu me decidir em desmarcar a minha presença, com aquela camisola posta sob o meu corpo, era a única forma de aconchego que tivera encontrado no momento, sem ela sentia-me despida, desconhecendo o porquê. Só depois de rever as fotografias que tivera tirado depois de ter estado contigo naquele lindo dia é que me apercebi, aquela tinha sido a camisola que usei quando saímos, a camisola que, por momentos, me aqueceu o coração de tal maneira, que me fez esquecer, tanto o frio que congelava as minhas mãos, como as pessoas que passavam por nós e que se tornavam figurantes, sendo nós os protagonistas.
Estranharam a minha ausência, o meu desmarque à ultima da hora, mas como são acabaram por compreender. Tinha demasiadas saudades, já estava farta de fingir ser aquilo que não era, de sentir o que não sentia e estar bem disposta enquanto não o estava, que me deitei e me coloquei em posição fetal, para ver se a dor da saudade deixava de doer, se de certa forma ela passava para conseguir mover-me. Joguei as mãos à cara para não deixar as lágrimas caírem no chão, mas estas acabaram por se desmanchar nas minhas mãos e percorrerem o meu antebraço e quando eu quis pôr um ponto final na situação, olhei para o computador e vi uma luz azul a piscar, eras tu ! Durante o dia todo não me tinhas dito nada, rigorosamente nada, e foi no momento em que mais precisei que alguém me puxasse para a vida que tu apareces-te, como sabes os melhores momentos para o fazeres, como sabes ?

5 comentários:

  1. A-D-O-R-O, meu Deus, Raquel, adoro...

    Cláudia Ventura

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  2. obrigada meu amor, ainda bem que de certa forma consegui fazer com que gostasses :)
    ly Claudinha @

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  3. este texto está lindo, acredita ! escreves muito bem (:

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  4. Oh, obrigada Neca é mt bom ouvir isso +.+

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  5. de nada raquel, este é mesmo dos melhores

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