quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Capítulo IX de "A espera também cansa"



Mesmo depois de tudo, depois de eu não ter cruzado os braços e desistido perante a rejeição, mesmo depois das intrigas superadas e enfrentadas de cabeça erguida, deste-me uma das piores notícias que me podias dar. Tinha de ser agora, logo agora que te tinhas de ir embora, não reparas-te mas depois de tudo o que fiz para poder estar ali a teu lado, uma notícia dessas foi como uma partida de mau gosto, onde me tivera caído por completo, o chão desenhado no caminho da minha vida; por detrás dos risos escondidos e das mãos envoltas na cara, prontas a encobrir um possível devaneio emocional, a minha vontade foi de te abraçar, de te agarrar e dizer para não me deixares sozinha, entregue a esta cidade de enredos, mentiras, mexericos, o típico sítio desprezível onde eu dispenso viver literalmente. Partilhas da mesma opinião que eu, e completas-me aqui, não me podes deixar porque vou perder o sentido da vida, o rumo que preciso e que há tanto procurava e que só encontrei quando entraste na minha vida.
Tentei de quase tudo no momento, fiz chantagem dizendo que não te falaria mais, pensei em mil e uma razões para te prender cá e quando caí em mim, apercebendo-me da gravidade da situação, escondi a minha expressão com o cabelo, fitando as pedras da calçada do passeio. Agarraste-me, puxaste-me para ti e levantaste-me a cara subtilmente, com um simples toque no queixo, obrigando-me a evidenciar o facto de que por mais que queira, não consigo deixar de te falar. Desta vez fizeste-o olhos nos olhos, tornando o teu olhar tão profundo que me era impossível de permanecer a olhar-te por muito mais tempo, só nesse instante é que percebi o porquê de não ter ficado em casa trancada sem fazer nada, sem lutar, sem correr atrás da felicidade e esgotar as tentativas de ser feliz. Digo-te que quando me apercebi disso disse para mim mesma que refazia tudo, tanto quantas vezes fossem necessárias, para viver assim, daquele jeito outra vez.
Estávamos perto, e pela primeira vez estávamos calados apenas nos riamos por alguém que tinha passado por nós. A nossa despedida não podia ter sido mais perfeita do que o que foi, revelou muito de mim, de ti e de um possível "nós"; quem nos visse pensaria isso (mas como te disse, desde há uns tempos para cá, o pensamento de alheios passa-me totalmente ao lado e se for necessário, sou perita em deitar os problemas para trás das costas).
Cheguei a dizer que era pequena demais para a felicidade que tinha dentro de mim, amei o teu abraço, 5 minutos bastaram-me para perceber muita coisa e para querer muitas mais, a noite a cair, o candeeiro de rua a iluminar-nos e as tuas mãos apoiadas na minha cintura deram-me uma enorme e gratificante sensação de segurança, a suficiente para te pedir, não vás, fica comigo, continua a fazer-me feliz...

1 comentário:

  1. está lindo e estou ansiosa pelo próximo capítulo (: beijinho, amo-te (L)

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