terça-feira, 5 de outubro de 2010

Abraço no frio ou beijo na chuva ?


Faz vento e frio, muito vento lá fora, chove torrencialmente sobe esta agitada cidade, e eu... eu com a minha respiração forte e ofegante, escrevo o teu nome nas janelas embaciadas do meu quarto. A cortina da janela serve-me de cobertor, onde me envolvo e aconchego (como uma menina pequenina) para tentar aquecer o vazio tão frio, que causas-te em mim e na gélida pessoa na qual me tornas-te ao fim de tanto tempo de convivência contigo.
Do parapeito, observo a impaciente rua e vejo que o Mundo não pára como a minha vida parou, as pessoas saiem de casa e reagem, param de se lamentar e correm para o que lhes espera, e por isso todos os dias digo que os super heróis existem de verdade, as pessoas que não ficam sentadas e reagem, porque não é fácil...
Então eu reagi, calcei as minhas galochas, vesti o meu sobretudo e pus o meu gorro e saí, fugi para a rua e corri em todas as direcções em busca daquilo que me esperava, fi-lo até à exaustão e chegada ao meu ponto de saturação, sentei-me no passeio junto ao hotel e chorei, chorei por tudo e por nada, por todos os motivos e mais algum, até que me concentrei no que me rodeava e fitei atentamente os carros que passavam por aquela rua, eles iam e voltavam, assim como tu e talvez por isso mesmo quis que parassem com esse tipo de ciclo repetitivo e vicioso, de tão depressa irem como voltarem, que me coloquei no meio da estrada, poderiam chamar-me de louca, ou até mesmo mais que não me iria importar, apenas queria que aquilo que se assemelhava ao meu sofrimento, parasse para não ter de reviver tudo novamente e ali fiquei. À chuva e totalmente encharcada, já só via os faróis dos carros nos máximos apontados para mim, estava totalmente encandeada que me era quase impossível de ver fosse o que fosse, e muito menos de reconhecer quem quer que se aproximasse de mim, a única coisa que conseguia ainda fazer era ouvir o buzinar ensurdecedor dos condutores, e gritar de desespero de tão revoltada que estava, gritar com medo do Mundo…
A certa altura, já dominada pelo frio, senti uma mão quente a puxar-me para a penumbra que se fazia fora da cerca que os carros tinham formado até então e perguntei-me a mim mesma, como poderia ter estado eu com tanta atenção ao que me rodeava, sem me aperceber da presença dele, mesmo ali perto de mim, mesmo ali dentro daquele carro estacionado ao meu lado? Não tive tempo para pensar mais, ou se calhar não queria mais pensar nos “se’s” da vida, tivera tanto tempo a pensar nisso que achei que aquele não era o momento apropriado, as minhas extremidades estavam extremamente frias que ele sentiu a necessidade de me aquecer com o seu calor corporal. Envolveu-me nos seus braços, cobriu-me com o seu casaco e beijou-me; os meus lábios… antes arrocheados, voltavam à sua cor natural, um rosa muito vivo assim como eu me estava a sentir no momento, VIVA, viva para ti, mas viva por ele…
Ele trouxe-me de volta ao que de bom a vida tem, afastou de mim o que atormentava a minha cabeça e o que afectava a minha fisionomia e bem-estar.
Parecia que ele entrava nos meus pensamentos e que me ouvia a pedir um abraço, um forte e apertado abraço de reconforto, de protecção e de sobretudo de segurança, que assim o fez, abraçou-me para que nunca mais me esquecesse daquele abraço. E enquanto dançávamos debaixo da chuva, ele fez-me uma pergunta: “Preferes um abraço no frio ou um beijo na chuva?” e eu respondi-lhe sem hesitar, com toda a minha sinceridade “Agora que sei o significado de cada um dos teus gestos, sei também que não te posso dar apenas uma dessas duas respostas pois sinto que necessito de tudo o que me dás” ele sorriu-me, pareceu-me agradado com a resposta que lhe tivera dado e assim continuámos os dois a dançar à chuva, ele, com os pés debaixo dos meus e eu, com a minha cabeça apoiada sob o seu ombro esquerdo. Permanecemos ali, intactos, numa dança sem fim, durante eras até que nos tínhamos dado conta que a tempestade já tivera passado, provavelmente até já há bastante tempo, o céu estava agora limpo e o Sol brilhava como nunca, as nuvens carregadas de chuva tinham ido para outro lado, onde alguém, assim como eu, precisasse dela…
Então e tu, pensado bem, o que preferes? Um abraço no frio ou um beijo na chuva?

8 comentários:

  1. OMG :O
    OMG :O
    Sem duvida, amo os teus textos...

    Escreves tao bem amor *.*
    AMO-TE

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  2. Gemea és a melhoooooor escritora, ahaha (L) AMO, AMO, AMO, cada palavra, cada frase, é tudo tao sentido $: parabéns, mesmo. AMO-TE

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  3. concordos com eles A
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  4. esta lindo , lindo , lindo (L)
    amo-tee muito sabes bem @

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  5. Bem, para te puder responder a essa tal pergunta um pouco fora do contexto da minha vida inteira e sem essa experiência na vida, teria de o experimentar meu bem :)
    Mas como é óbvio preferia muito mais um abraço de conforto de segurança :)

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  6. por acaso é algo que me obrigava a ver mesmo muito bem os dois lados e implicaria um esforço de decisão muito grande para mim, nada melhor do que os dois ao mesmo tempo, sentir o reconforto de alguém que nos faz e quer bem, é muito mas mesmo muito gratificante, por elas sim vale a pena continuar (:

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