terça-feira, 22 de junho de 2010

esclarecimentos


Pela rapariga que sou e pela mulher que quero ser, tenho que me dar o devido valor, e honrar o feminismo ,tenho que me erguer como sempre o fiz e tenho que mostrar-me a mim mesma o caminho que quero seguir, e escolher aquilo que é melhor para mim.
Para isso escrevi no papiro meio velho e amarelado, que tinha cá em casa, as coisas das quais senti a necessidade de que tinha de abdicar, e outras das quais que queria que se realizassem.
Desejei ter forças para conseguir seguir em frente e desejei também por igual, que o meu maior sonho, o de ter sob o meu campo de visão, o de sentir a tua respiração ofegante bem perto do meu rosto, o de te abraçar perdidamente, se realizasse...
Porém quis abdicar da tristeza que sinto, e do vazio que em mim provocas quando me dizes "adeus", quis abdicar da minha dependência em relação a ti e quis ainda abdicar de tudo o que me faz tornar indiferente quando tu não estás.
Escrevi tudo isso nesse papiro abandonado nas águas do rio, nas águas do Tejo.
Vagueei pelo areal da praia com um gelado de caramelo na minha mão, para me refrescar o pensamento e assim, pensando no que fazer e como fazê-lo, comecei por mandar para o mar, tudo o que de triste contenho, mas o vento trouxe-me de volta as recordações de todos os momentos que partilhámos, de todas as expressões que inventámos, e de todas as coisas que formam a nossa história, a nossa forte e linda história de amor.
Passadas inúmeras horas caminhando pela areia da praia, que se entranhava nos meus dedos dos pés, parei para contemplar aquela linda paisagem, aquele jogo fascinante das luzes de Lisboa, da cidade agitada, sob a imensidão das águas quentes e serenas do rio Tejo.
Era quarto crescente e aquela carta de papiro que escrevera, já não estava mais na minha posse, esta estava agora enterrada na areia junto ao tractor do bar da praia, não era o nosso, mas bem que o podia ser, se ainda partilhássemos os mesmos sonhos, se ainda desejássemos os mesmos desejos, se ainda construíssemos a mesma história e sentíssemos os mesmos sentimentos um pelo outro...
Espero que aquela carta nunca seja encontrada por ninguém, porque é onde estão revelados os meus maiores desejos mas também os meus maiores medos, é uma confissão minha, que espera que seja levada a sério, que espera que seja concretizada...

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