terça-feira, 23 de março de 2010

Ausência ...


A noite longa e fria prolonga-se pela rua, lá fora oiço os sons incessantes dos motores desmultiplicados dos carros que vagueiam pelas extensas estradas de terra batida; da minha pequena janela quadrada avisto a Lua na sua melhor fase sendo ela tão grande e brilhante, debruço-me sobre o parapeito para a contemplar mais de perto, mas as minhas mãos tremem como se o frio se apoderasse de mim numa noite de Inverno rígido com a falta do teu toque, o meu nariz não distingue mais os cheiros que pairam no ar com a falta do teu perfume, as pálpebras dos meus olhos desvanecem lentamente como se de sono se trata-se porém, com a falta da tua presença, e o meu coração traz-me à memória os tantos momentos passados à tardinha, com o Sol a formar uma bonita bola de fogo e a nossa química a fazer de toda aquela vivência um momento perfeito.Com as lembranças mais profundas sendo remexidas e repensadas a cada segundo que passa no tic-toc do relógio, sinto algo a descer-me pela cara deixando um rasto húmido e salgado, deparo-me então, comigo sozinha a chorar lágrimas de pura melancolia, de revolta e de um ódio que traz consigo um certo carinho, pelo que eras ou pelo que foste quando estavas presente. ‘Mas porquê esta inconstância, porque é que dizes que me amas se não é o que me fazes querer mostrar, mas sim o contrário, porque é que os teus olhos e o teu sorriso me fazem ter certezas de que somos um só, mas as tuas acções me provem o oposto?!’- perguntas como estas, parece que me são sussurradas pelo timbre da tua voz ao meu ouvido a toda hora, moendo-me, desgastando-me, corroendo-me como se fosse um ácido que me enfraquece tempo após tempo porém o barulho à minha volta neste momento não me afecta é simplesmente acessório; os meus ouvidos só captam os meus pensamentos mais altos e a minha capacidade de concentração é praticamente inexistente, é-me tão difícil conseguir concentrar quando estás por perto, pois é algo que é genuíno e que eu simplesmente não controlo, é instintivo a verdade é esta mesma, quando muitas das vezes os outros olham para nós e demonstram já não se lembrarem da nossa própria pessoa, é algo que me revolta, que mexe comigo e é nesse esquecimento que os outros demonstram ter, como se fossem obrigados a esconder, a actuar, como se fossem os artistas em cena, no palco do teatro da nossa vida, da nossa alma, que me deparo muitas das vezes...

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